segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Minimercados em Condomínios, Será Nova Tendência?

Se por um lado a pandemia do coronavírus mudou o comportamento do consumidor, por outro obrigou companhias a se reinventarem. Segundo um levantamento feito pela empresa de pesquisa de mercado Opinion Box, no topo dos dez novos hábitos dos brasileiros estão mais cuidados com higiene, seguidos pelas encomendas de pequenos produtores e compras em supermercados online. Diante desses novos costumes, algumas empresas enxergaram, na instalação de minimercados dentro de condomínios residenciais, uma grande oportunidade de negócio. 
 
Com sistema inteligente, empresas como Hirota, Vendify, InHouse e Numenu apostam em minilojas para levar conveniência a moradores de prédios residenciais.

Fonte: Vendify
 
A Vendify foi uma delas. Especializada na instalação de pequenas lojas de conveniência dentro de escritórios, a startup viu o seu faturamento despencar logo no início da quarentena.
“Como 100% das operações estavam dentro de ambientes corporativos, nossa preocupação foi buscar receitas em outros canais para salvar a empresa do impacto econômico causado pelo isolamento social”, afirma Valdemir Araújo, CEO da Vendify. Logo veio a ideia de levar o modelo de negócio para os condomínios residenciais com no mínimo, 100 apartamentos. “A ideia é ajudar os moradores a cumprirem o distanciamento social com mais comodidade e menos riscos”, diz ele.
Sem qualquer custo para o condomínio, o modelo é pautado no conceito de “honest market”, no qual os consumidores podem comprar produtos em refrigeradores e prateleiras abertas, como nas gôndolas de um supermercado, e depois pagar por meio de self-checkout (autopagamento). As lojas são monitoradas com sistema de vendas, emitindo dados operacionais e relatórios de gestão em tempo real, assegurando uma contagem precisa de mercadorias, garantindo abastecimento, limpeza e manutenção dos equipamentos conforme demanda de cada ponto de venda.
“Além de tudo isso, o custo é zero, não há franquia contratual e ainda fornecemos os mobiliários, equipamentos e acessórios necessários para o negócio. É realmente muito eficaz”, afirma Valdemir. Assim, o minimercado pode funcionar 24 horas por dia sem a necessidade da presença de funcionários. “Nosso modelo de negócio é totalmente aberto e baseado na confiança, pois acreditamos que a simplicidade não precisa de travas e fechaduras”, afirma Araújo. A startup opera com 55 lojas na cidade de São Paulo e pretende, até o final do ano que vem, inaugurar um modelo de franquia e alcançar 300 lojas instaladas.

 
Com intuito de auxiliar as pessoas durante o isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus, condomínios residenciais de Fortaleza estão disponibilizando aos moradores a opção de mercadinhos dentro do próprio prédio. O objetivo é evitar que pessoas que estão inseridas no grupo de risco precisem sair das dependências dos condomínios para ir a supermercados.

Os minimercados são instalados por uma empresa, que viu uma oportunidade na pandemia. "Já observava a tendência do Honest Market nos mercados americano e japonês e vi que, no Brasil, já existia o mercado consolidado em empresas e torres comerciais, mas faltava essa lacuna nos condomínios residenciais. Foi então que decidimos apostar no modelo, e a pandemia veio para acelerar o processo de adoção, visto a comodidade, praticidade e segurança nas compras, já que as pessoas vêm buscando alternativas para reduzir a saída de casa e aglomerações", pontua Leonardo de Ana, CEO da InHouse Market.

Dos carros para os condomínios
Assim como a Vendify, a Numenu teve que se reinventar para sobreviver. Até o início da pandemia, o negócio da empresa era viabilizar a venda de balas, gomas, biscoitos e chocolates em carros de aplicativo. Quando a pandemia começou, ela percebeu o quanto seria impactada e resolveu aproveitar o relacionamento que mantinha com indústrias de bens de consumo como Coca-Cola, Heineken, Unilever e Pepsico para testar a instalação de lojas de conveniência em condomínios a partir de 80 unidades.
 
Fonte: Numenu
 
“A pandemia quebrou nosso primeiro modelo de negócios, mas nos deu a oportunidade de lançar o segundo”, diz Sebastian Lucca Netto, CEO e fundador da Numenu.
O modelo de negócio é bem parecido com o da Vendify. A diferença é que os produtos de chocolates a amaciantes são escolhidos e pagos via aplicativo. O morador só desce no hall para retirar as compras, que ficam em gôndolas abertas. O sistema avisa o melhor momento para reabastecer a estação e seleciona os itens com base no comportamento de venda de cada condomínio. Em três meses de operação, a Numenu está disponível em 40 condomínios e pretende expandir em breve para outras regiões por meio de franquias. “Já vendemos para mais de 8.000 usuários únicos, mas nos condomínios em que atuamos temos mais de 20.000 clientes em potencial”, afirma Netto.

Supermercado em casa
Além da instalação de minimercados, os moradores de condomínios também vêm contando com facilidades como assinaturas de produtos orgânicos e vans da Swift, marca de carne bovina do grupo JBS que opera em alguns prédios com data e hora marcada. Desde julho, moradores de 40 condomínios da cidade de São Paulo também vêm testando o novo conceito de loja da varejista Hirota. Dentro de contêineres adaptados, a rede oferece centenas de produtos, desde frutas e verdura a produtos de limpeza e beleza.
Fonte: Hirota
 
Voltada a condomínios das classes A, B e C com mais de 300 apartamentos, as lojas são totalmente automatizadas. Depois de baixar o app da rede, o cliente tem acesso ao mercado por meio de QR Code. Aí é só selecionar os produtos e pagar por meio de self-checkout.
“As etiquetas de preço são digitais e controladas em nossa Central de Tecnologia. Não existe o atendimento humano”, diz Hélio Freddi, gerente-geral do Hirota Food Express. Entre as categorias mais vendidas pelos novos minimercados estão cervejas, refrigerantes, sorvetes, chocolates e refeições prontas. Afinal, conveniência e comodidade são a alma do negócio.

Benefícios 
"Acreditamos que a pandemia foi um catalisador para nossa solução, mas a grande tendência é que os problemas que estamos resolvendo vão além dela. Nós levamos a ultra comodidade de trazer um mercado 24h para a casa das pessoas. Com isso, evitamos a perda de tempo em trânsito e filas por conta de uma pequena compra, com toda segurança e praticidade de comprar no seu condomínio". comenta Leonardo de Ana, CEO da InHouse. O estoque de cada unidade é constituído de acordo com as necessidades de cada condomínio. "Nós perguntamos aos moradores o que eles mais consomem e com base nas respostas, nós montamos o mercado com estoque personalizado para cada condomínio".

Instalações
Após a escolha do condomínio, a instalação é feita pela empresa em consonância com o síndico. O custo médio para a instalação muda de acordo com cada unidade, que depende da negociação com os fornecedores e o tamanho do mercado.

No local para a inserção do minimercado, é preciso apenas fazer alguns ajustes como instalações de tomadas e cabo para internet, para colocar os refrigeradores, gôndola e totem de autoatendimento.

O fundador da startup também pontua que não há implicações fiscais ou burocráticas para o condomínio, já que todas as operações são feitas pela empresa.
"O contrato que fazemos com os condomínios é de comodato - ou seja, os condomínios apenas cuidam das nossas gôndolas e refrigeradores e nós fazemos toda a parte comercial e burocrática incluindo imposto de renda. Isso tudo é bem padrão na verdade, já é feito há muitos anos com vending machines a novidade está realmente em não usarmos aquelas máquinas mecânicas", relata.

De acordo com ele, o condomínio não tem nenhum custo com as instalações e manutenção, uma vez que "o risco é todo da InHouse". Entre as incubências do condomínio estão apenas o auxílio para zelar pelos equipamentos e "ajudar a encontrar o responsável caso alguém faça mau uso deles ou subtraia uma mercadoria".

Fonte: Exame / Diário do Nordeste / G1 | Setembro 2020

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