Nunca foi tão exposto o fato de que o espaço físico influencia diretamente no comportamento e nas emoções humanas. Nesses tempos de enclausuramento, esta questão tem ganhado maior destaque e, embora atualmente venha sendo abordada por curiosos e profissionais de diversas áreas do conhecimento, é objeto de estudo de especialistas como psicólogos e arquitetos há algum tempo.
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Segundo o estudo “National Human Activity Pattern Survey”, realizado pela Berkeley Lab Energy, instituição americana que pesquisa e desenvolve tecnologias de energia e redução de impactos ambientais, cerca de 90% do tempo de nossas vidas estamos em ambientes fechados.
E a Arquitetura diante disto?
Embora não seja nenhuma novidade que projetos de arquitetura se fazem valer de questões como praticidade, ergonomia e funcionalidade para seus usuários, é inegável a importância de que cada vez mais sejam pensados em projetos mais humanizados, capazes de oferecer os estímulos positivos necessários para proporcionar a saúde e o bem estar dos usuários, especialmente em ambientes de trabalho ou nas próprias residências.
Diante disto, o estudo da neurociência aplicada à arquitetura, a Neuroarquitetura, busca se aprofundar nos efeitos que os ambientes podem causar na atividade cerebral humana, a fim de, a partir de diversas estratégias de projeto, potencializar os benefícios desses espaços para os usuários.
Imagine trabalhar em um lugar que estimule a criatividade, ou a concentração, ou que certos cômodos da sua casa te tragam experiências de maior relaxamento, por exemplo. Na prática, existem uma série de fatores que quando adicionados estrategicamente aos projetos, levam o usuário a algumas dessas sensações, seja a curto ou a longo prazo.
Neuroarquitetura na prática
Segundo a consultora de Neuroarquitetura, Andréa de Paiva,
a NeuroArquitetura pode e deve ser utilizada para tornar a ação humana mais efetiva e, acima de tudo, para criar espaços mais saudáveis no curto e no longo prazo. Assim, o princípio maior da NeuroArquitetura deve ser “eficiência com qualidade de vida e bem-estar pessoal”. Tudo isso por meio da concepção e da utilização estratégica do espaço.
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A Neuroarquitetura pode ser aplicada desde o projeto estrutural até os móveis, a decoração, e ao bom aproveitamento de espaços pequenos. Pode estar presente no uso das cores, numa iluminação pensada para cada ambiente, na acústica, na escolha do estilo de mobiliário, etc.
1. Cores
Um dos exemplos mais práticos quanto a aplicação da Neuroarquitetura é o uso das cores. A psicologia das cores é muito utilizada no design (Gestalt) e marketing e, se utilizada estrategicamente, pode agregar ainda mais ao projeto de arquitetura.
Tons pastéis, por exemplo, transmitem tranquilidade e sensação de ambiente amplo. Porém, o excesso pode tornar o ambiente monótono.
Tons vibrantes e cores contrastantes podem ser utilizadas em ambientes mais descontraídos, que demandem criatividade, proatividade, dinamismo. Em excesso, podem deixar o ambiente cansativo e gerar dispersão.
Tons escuros são tradicionais, transmitem seriedade e consistência. São recomendados para ambientes maiores, já que, em ambientes pequenos, quando não são bem utilizados, podem deixar os ambientes pesados e levar à sensação de sufocamento.
2. Isolamento acústico
A depender da proposta do ambiente, é importante pensar no fator sonoro. Em lojas de roupas, por exemplo, é comum o uso de playlists variadas. Em outro espaço, pode-se aproveitar os próprios sons externos da natureza. Ambientes que exigem maior concentração ou sigilo de informações, como escritórios, deve ser pensada uma arquitetura de isolamento sonoro que proporcione maior conforto e segurança para os usuários.
3. Iluminação
A iluminação é outra característica que pode ser utilizada estrategicamente pela Neuroarquitetura. O design biofílico, uma das ramificações da Neuroarquitetura, explora o uso da iluminação natural e seus benefícios para o bem-estar e saúde humana.
A intensidade da iluminação, seja natural ou artificial, e suas cores estão ligadas a sensações como aconchego e transparência.
O blog Qualidade Corporativa afirma que a iluminação:
- Está também relacionada à ergonomia do local de trabalho, pois é preciso que cada atividade tenha a iluminação adequada à sua execução. Luz fraca ou excessiva prejudica a visão e gera um desconforto tão grande a ponto de atrapalhar a produtividade.
- Além destes pontos estimulados pela visão e audição, a Neuroarquitetura pode ser pensada também do ponto de vista da experiência olfativa e tátil (a partir das texturas). A área interdisciplinar é ampla e recente, podendo ser bastante explorada. Espera-se que cada vez mais seja incorporada com responsabilidade e sensibilidade aos projetos de arquitetura e design, e tragam consigo todos os benefícios para quem ocupa estes espaços.
- Conte-nos se você já conhecia a Neuroarquitetura e de que outras formas pode ser aplicada à arquitetura e, por que não, a outras áreas do conhecimento?
Autora: Isabelle Santana |
Designer GráficoFontes:
Neuroau /
Qualidade Corporativa | Agosto 2020
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