O desenvolvimento de projetos passa por inúmeras interferências, tudo deve ser levado em consideração quando do desenvolvimento arquitetônico de uma edificação, não esquecendo das demandas dos clientes, mas também lembrando do seu envolvimento com a localidade, com a cidade, suas relações de custo, sua viabilidade financeira, sua estética, suas orientações solares, seu conforto térmico e acústico, as tecnologias empregadas, as limitações legais, a acessibilidade, e assim segue. Além disso, a associação de todas essas variáveis à um traço estético e estilístico, a movimentos culturais locais e globais é uma tarefa essencial que precisa ser resgatada, pois esta cria significado e inspira e cria sensações nos moradores e o no entorno de cada arquitetura.
No contraponto à arquitetura acima descrita como empírica, é possível ousar em denominar um novo conceito, a ARQUITETURA PENSADA? Afinal, o projeto quando concebido é idealizado para sua construção e deve atender inúmeras relações e interferências já relatadas, e agregar todo empirismo e relações de utilidade e função, mas ir além. “Pensar na arquitetura” a ser empregada é responder com conhecimento de forma técnica a interferências da dinâmica das vidas das pessoas e da cidade e construir significados estéticos que tocam e não se tornam indiferentes para as pessoas. A ARQUITETURA PENSADA como resposta a dinâmica dos dias atuais, só seria identificada quando da construção da obra, ou seja, quando os projetos definitivamente passam a fazer parte da vida das pessoas e da cidade, quando as interferências passam a envolver-se com o projetado, com o idealizado.
Assim como o Urbanismo para negócios, onde identifica-se a relação dos projetos para com os envolvimentos urbanos, a Arquitetura Pensada relaciona linhas conceituais à funcionalidade e viabilidade econômica financeira do projeto. Resgatar grandes traços com funcionalidade e viabilidade econômica é ir além da Arquitetura Empirista, pois significa dar saltos de criatividade e inovação em cada projeto.
Enfim, as obras que surgem foram viabilizadas de alguma forma, e esta forma deverá responder através da ARQUITETURA PENSADA e não apenas com desenhos arquitetônicos técnicos e sem vida.
É fato que, para os estudantes e profissionais da área, é mais fácil identificar e relacionar os projetos aos seus criadores, porém, com o tempo e o conhecimento das obras, a população também passa a reconhecer certas características destas obras e relaciona-las ao arquiteto ou escritório de arquitetura responsável. E acima de tudo, com as novas regras dispostas pelo Conselho de Arquitetura, onde a indicação de responsabilidade técnica em placas e anúncios e outros elementos de comunicação, será possível um maior reconhecimento dos profissionais, seus traços e características, ou seja, um maior reconhecimento do que é ressaltado aqui, as obras e seus criadores.
Autor: Expedito Júnior
Arquiteto e Urbanista
Especialista em Gestão Urbana e Ambiental
CAU - RN: A39243-0
Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 08/07/2015, também disponível no site da IMMOBILE Arquitetura
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