Parece título de noticia sensacionalista, mas não é. E também, não houve erro na definição do título. O motivo do tema de hoje está relacionado a um termo antigo que sempre usamos e agora recebeu nova denominação, e ainda, passou a enquadrar-se nas modalidades de negócios imobiliários, demonstrando mais uma vez que com criatividade é possível inovar, mesmo em tempos duvidosos.
Quem nunca participou de uma “vaquinha”, ou melhor, de um levantamento de valores onde cada um contribui com o que pode ou tem, para aquisição de algo? Quem nunca juntou dinheiro com amigos para comer algo, comprar algum produto desejado e usufruir de algo de forma coletiva, em conjunto? Então, a tão famosa “vaquinha” das nossas rodas de amigos recebeu uma nova denominação, passando a ser chamada justamente pelo que representa o financiamento coletivo ou crowdfunding. Este termo passou a ser empregado já no ano 2000, quando começou a surgir as primeiras plataformas on-line de financiamento, e de lá para cá muito evoluiu, principalmente em projetos e programas sociais, atrelando o levantamento financeiro para fins sociais ou/e humanitários. Um grande exemplo desse tipo de financiamento que todos nós conhecemos é o projeto social da Unicef com a Globo, o “Criança Esperança”, onde boa parte dos brasileiros contribuem com suas ligações pagas em valores predeterminados para ajudar o financiamento dos projetos vinculados ao “Criança Esperança”. Acredito que agora ficou mais fácil entender que faz tempo que nós participamos de financiamentos desse tipo.
A questão é que a tão famosa “vaquinha” ou financiamento coletivo aderiu ao mercado imobiliário brasileiro, apesar de já ser uma pratica no mercado imobiliário de outros países. O primeiro projeto no Brasil, voltado para a área imobiliária foi concluído nesta última semana, onde a incorporadora Vitacon, de São Paulo, captou R$ 1,279 milhão ao longo de 90 dias. O dinheiro captado será usado para bancar parte de um empreendimento que será construído na Vila Olímpia, um bairro nobre da capital paulista. Apesar da incorporadora não abrir todo o valor do empreendimento para o financiamento coletivo, o que acredito que será possível em breve, a conquista deste projeto já foi um grande avanço pois foram envolvidos 144 investidores de 10 estados brasileiros, além do pioneirismo junto ao nosso tão conservador mercado imobiliário. Essa abertura para a inovação demonstra que o mercado imobiliário necessita de adequações e evoluções, principalmente quanto ao levantamento de investimentos, pois, não acredito que as construtoras vão continuar sonhando ou esperando pelo financiamento de programas públicos, enquanto o mercado consumidor ainda demanda por imóveis.
Ficamos muito contentes com a notícia na evolução do financiamento coletivo para nossa área de atuação, mas sugiro que todos os nossos leitores tentem se aprofundar um pouco mais nessa modalidade, pois neste tipo de negócio, o investimento vem permitindo a evolução de inúmeras inovações tecnológicas, crescimentos de programas sociais e humanitários. Desbravem, pesquisem, repassem e curtam os projetos.
Nasce a primeira “vaquinha” na área imobiliária brasileira e me arrependi de não ter participado, apesar de ter acompanhado toda a sua evolução. Agora, olhando para Sergipe, posso garantir que alguns modelos inovadores estão sendo pensados e muito em breve estarão em prática. E quem sabe um destes modelos não seja mesmo a “vaquinha”, onde você leitor, ávido por inovação e transformações, torne-se um dos investidores.
Autor: Expedito Júnior
Arquiteto e Urbanista
Especialista em Gestão Urbana e Ambiental
CAU - RN: A39243-0
Matéria publicada originalmente no jornal Cinform no dia 03/02/2016, também disponível no site da
IMMOBILE Arquitetura
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